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Correspondência Familiar
Correspondência Familiar — quarto volume da «Edição Crítica das Obras de Almeida Garrett» — inclui 64 cartas de Garrett ao irmão Alexandre José (47 inéditas), 40 cartas à filha Maria Adelaide, e uma carta (inédita) à esposa Luísa Midosi, num total de 105 cartas (48 inéditas).
Nas cartas ao irmão, o lote mais importante do volume, transparecem temas valiosíssimos: as ligações com o Século das Luzes, com a Maçonaria e com os vintistas de primeira hora; as apreensões do exílio; a euforia com a vitória liberal e as reservas em relação a alguns liberais, chamados então «devoristas»; as diligências para eleger-se deputado com o apoio dos «católicos do Porto» e dos «constitucionais moderados»; a oposição ao Cabralismo na década de 40 (que também aparece vivamente em Viagens na Minha Terra, Frei Luís de Sousa e O Arco de Sant’Ana); o retorno a posições de poder na Regeneração, quando recebe o título de Visconde, ocupa a pasta dos Negócios Estrangeiros e rompe com Rodrigo da Fonseca Magalhães, amigo quase da vida inteira.
Nas 40 cartas à filha, vemos o pai carinhoso e atento às conveniências da época — «não te quero para doutora» — e comprovamos que as ligações com a Viscondessa da Luz — suposta inspiradora das Folhas Caídas — se mantiveram até à morte de Garrett.
Na única carta (inédita) escrita a Luísa Midosi, em 1853, Garrett trata de aspetos relativos à pensão que Luísa recebia por acordo mútuo. A separação legal não era possível pela legislação portuguesa e Garrett e Luísa firmaram, em 1839, em cartório, um documento que atesta já não levarem vida em comum, o que os preserva de uma eventual acusação de adultério, considerado crime à época. Garrett conclui a carta com uma declaração enfática de que era impossível voltarem a viver juntos.
Edição de Sérgio Nazar David.
Coordenação de Ofélia Paiva Monteiro.
Menção honrosa do Prémio Grémio Literário 2012.
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