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Teatro Naturalista
Na verdade, o drama e a comédia de actualidade varreram do palco a evocação da antiguidade clássica e do passado histórico nacional, concentrando no presente e em personagens extraídas da vida real, sujeitas às respectivas contingências, a acção da fábula posta em cena. Os templos, os palácios, os castelos e os paços medievais foram substituídos pelos salões burgueses, pelas estalagens e pelas fábricas; os barões, os capitalistas do fontismo, os jornalistas e os operários tomaram o lugar dos deuses, dos monarcas e dos cavaleiros. O Teatro aproximou-se da vida concreta, mas propôs dela um retrato dulcificado, uma imagem fantasiosa, maniqueísta, que mostrava estereótipos em vez de caracteres, e que esvaziava os conflitos sociais do seu substracto ideológico, reduzindo-os a equações abstractas de interesses e sentimentos. Dificilmente poderia ser de outro modo, dada a interacção do drama com as condições sociais em que é gerado. A sociedade portuguesa da Regeneração, caracterizada por uma aristocracia decadente, uma burguesia acéfala, ávida de poder e honrarias, um proletariado incipiente, um campesinato retrógrado, não tinha capacidade de «extrair dos actos da sua vida senão a pequena chicana de ambições medíocres ou o episódio de uma sentimentalidade sem fé e sem paixão», como observou Ramalho Ortigão n’As Farpas, ao abordar, ele também, «a questão do teatro». Mas a abertura do palco aos espaços da actualidade veio propiciar a renovação que se impunha.
Menção Honrosa do Prémio Grémio Literário.
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