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Tragédias - Vol. I
«Juntamente com os dois nomes mais destacados da tragédia grega que, em geração, o precediam, Eurípides vinha completar uma tríade de glória, em que lhe cabia um lugar próprio: o de remodelar um género que, por suas mãos, avançou para ousadias surpreendentes, em consonância com uma Atenas igualmente insaciável de mudança e novidade. Da permanente actualidade da tragédia de Eurípides, fruto da perspicácia e actualização de um espírito aberto e atento, resultou, no imediato, uma oscilação do sentir do poeta perante a cidade dos contrastes em que Atenas se tinha transformado. Capaz ainda de se deixar seduzir pelo fascínio de uma comunidade, que os deuses agraciaram com a suavidade de uma paisagem doce e de uma luz brilhante, animada pela elevação dos ideais e pela superioridade do espírito, Eurípides sofreu, como os melhores Atenienses do seu tempo, o golpe pungente da decadência. Por isso partiu, incapaz de aguardar aquele dia em que Atenas, como outrora Tróia no seu paradigma predilecto, se cobriu do fumo das ruínas, que obscureceu os tons doirados da pujança de outrora, fugaz, mas nem por isso menos fulgurante.». In Editorial.
Introdução, tradução e notas de Maria Fatíma Sousa e Silva, Carmen Leal Soares, Nuno S. Rodrigues, Mª Helena Pereira e Claúdia Silva.