Confissões
«As Confissões de Santo Agostinho, no dizer de Eduardo Lourenço, são obra mítica da Cultura Ocidental. Na verdade, se por mítica se entende aquela obra que, ao dizer e confessar, está simultaneamente a criar uma demanda originária, que enraíza matricialmente numa mundividência sobre a qual exerce um fascínio quase inexplicável, então a história da sobrevida e da tradução das Confissões torna pertinente tal designação.
É inegável que, se o género confessional não foi inaugurado por Santo Agostinho, foi ele quem, com as Confissões, mais divulgou a literatura de viagens interiores, de autobiografia íntima, de subida às moradas e aos palácios da memória que marcou, profundamente, a nossa espiritualidade e contribuiu para um processo de elaboração da nossa consciência.
A liberdade, a amizade, a procura, o encontro, a alegria, o louvor; as emoções, os sentimentos, a razão, a fé; a criação, o tempo, a memória, a eternidade; o mal, o pecado, o erro, a culpa, a ilusão e a desilusão: eis a experiência de um homem de carne e osso que, em toda a sua riqueza e complexidade, converge para as Confissões, e que releituras sucessivas de certo modo universalizaram e concretizaram.
Reler as Confissões é ampliar, com o nosso, o seu testemunho. É esta a leitura apropriada, pois o pensamento augustiniano, mormente nas Confissões, reverte o tempo crónico — esse devorador dos seus próprios filhos — pela remissão para uma ordem sincrónica que pode ser, nesta hora, uma vitória sobre o desespero e o terror do tempo. É, por isso, um pensamento aberto ao possível e, talvez, ao impossível. E isto é o que mais importa pensar.» In contracapa.
Grande Prémio de Tradução da Associação Portuguesa de Tradutores / PEN Clube Português, 2000.
Detalhes
Código:
1021441
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Autor:
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Coleção:
Estudos Gerais - Série Universitária
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Tema:
Filosofia
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Data de Lançamento:
Dezembro de 2021
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ISBN:
978-972-27-2511-8
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Editora:
N/A
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Idioma:
N/A
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Número de Páginas:
780
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Peso:
1154 g
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Dimensões:
N/A
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Acabamento:
N/A
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