Nos meandros das décadas de trinta e quarenta, Portugal pulsava com o fulgor da ditadura Salazarista, na vizinha Espanha, as coisas não eram muito diferentes, a opressão Franquista e a Guerra Civil atemorizavam aquela gente. Nesse contexto, duas novas realidades nasceram dos ventres destas nações que se cruzavam pelas veredas da Península Ibérica. Em simultâneo com a vida pacata na Serra da Estrela, ocorria o bombardeamento de Guernica. Cristóvão, um médico judeu, foi um dos sobreviventes daquela calamidade. Perdeu tudo, restando apenas ele próprio embebido de sofrimento e revolta. Ao despedir-se de Guernica, no meio dos destroços, encontrou um livro religioso. Agarrou-se ao seu achado como se fosse um elo entre um passado feliz e um futuro obscuro, sendo o presente uma lacuna no tempo. Após a leitura do livro, começou a germinar novamente, no seu íntimo, a semente da vida. Assim, percorre o caminho de Santiago em busca de um novo sentido para a sua existência. A sua intuição e o seu altruísmo levam-no para a Serra da Estrela, onde é incorporado como uma partícula intrínseca. Ali, Cristóvão desenvolve uma enorme sensibilidade, sincroniza-se com os ciclos da natureza conseguindo discernir a voz do rio e dos ventos, transformando-se em mestre daquela gente genuína. Apesar das mazelas da ditadura e tendo como pilares a justiça, liberdade e o amor, conseguiu criar a comunidade “O Império do Coração”, que honra toda a existência, criando um feixe de esperança que esvoaça pelo país e pelo mundo, com o intuito de vingar uma sociedade justa e harmoniosa.