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Fernando Pessoa: O Ser Verbal
«O «ser verbal» é afinal também um «ser vocal», plurivocal. Génio e mito, como o lembra o último capítulo do livro. O filho de um crítico musical deixou-nos uma música superior, que o professor de literatura e diretor artístico Dionísio Vila Maior vem polifonicamente analisando e promovendo há quase três décadas. Hoje, podemos com razão considerá-lo um dos mais reputados sucessores de pessoanos ilustres como — para citar só meia dúzia — Adolfo Casais Monteiro, João Gaspar Simões, Jorge de Sena, Maria Aliete Galhoz, António Quadros e Eduardo Lourenço..» in Prefácio
[…] «Agora, com os contributos reunidos em Fernando Pessoa: o Ser Verbal, procuramos, com humildade e desafetação, salvaguardar o sentido primordial do caminho iniciado há 30 anos, processo este, nosso, que integra um longo e amplo processo exegético que tem aglomerado tantos e tantos críticos acerca de uma personalidade, genial, que um dia escreveu:
Não faço visitas, nem ando em sociedade alguma — nem de salas, nem de cafés. Fazê-lo seria sacrificar a minha unidade interior, entregar-me a conversas inúteis, furtar tempo senão aos meus raciocínios e aos meus projectos, pelo menos aos meus sonhos, que sempre são mais belos que a conversa alheia. Devo-me a humanidade futura. Quanto me desperdiçar desperdiço do divino património possível dos homens de amanhã; diminuo- -lhes a felicidade que lhes posso dar e diminuo-me a mim próprio, não só aos meus olhos reais, mas aos olhos possíveis de Deus. Isto pode não ser assim, mas sinto que é meu dever crê-lo. [Lopes, 1990b: 74]» in Nota Introdutória
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