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O Teatro N'A Paródia de Rafael Bordalo Pinheiro
«Em Janeiro de 1905 desaparecia Rafael Bordalo Pinheiro, o boémio risonho e trocista que se recorda com um sorriso; o homem perspicaz e irrequieto, cuja energia vem à memória; o observador atento e crítico que se relembra; o artista activo e versátil que se comemora. Cessava nessa altura, em definitivo, o registo iconográfico com que, durante décadas, um país inteiro se tinha familiarizado.
Rafael Bordalo abandonava a cena mas no palco da cultura e da história deixava uma obra magnífica que, cem anos volvidos, vale a pena percorrer. As suas caricaturas, sobretudo, são a todos os títulos um legado precioso.
De contornos característicos, com matizes variados, riquíssimos em representações, documentos de valor, esses desenhos piscam irresistivelmente o olho ao presente e interpelam-no de forma significativa.
No que ao teatro diz respeito — essa arte que o caricaturista considerava de eleição — fazendo coro com o espectador comum ou sob o prisma do observador especializado, os traços satíricos de Bordalo dão visibilidade ao seu pulsar, descobrem as grandes e as pequenas coisas de que é feito o seu quotidiano, põem a nu aptidões e fraquezas, revelando ainda a forma como o teatro se insinua nas práticas sociais e políticas, das quais se converte em elucidativa metáfora.
Por isso, os caminhos do centenário da morte de Rafael Bordalo passam também pelo livro que ora se apresenta.» in Editorial.
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